sábado, 22 de setembro de 2012

Figuras de Linguagem


FIGURAS DE LINGUAGEM

As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um recurso lingüístico para expressar experiências comuns de formas diferentes, conferindo originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso.
As figuras de linguagem classificam-se em:
  • figuras de palavra;
  • figuras de pensamento;
  • figuras de construção.

FIGURAS DE PALAVRA

Consistem no emprego de um termo com sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais expressivo na comunicação.

São figuras de palavras:

Comparação: consiste na comparação de dois elementos por meio de suas características comuns. Normalmente a comparação é estabelecida por uma conjunção comparativa (como, tal que, assim como, etc.).

Exemplo: "A vida vem em ondas como o mar"
compara a vida com o mar e utiliza a conjunção "como".



Metáfora: emprego de palavras fora do seu sentido normal, por analogia. É um tipo de comparação implícita, já que a conjunção comparativa não aparece claramente.
Exemplo: "Aquele homem é um leão"
compara o homem com um leão pois ele é forte e corajoso como um leão, e não utiliza conjunções comparativas.


Metonímia: consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido.
Exemplo: “Eu leio Jorge Amado”.
Você não lê Jorge Amado, você lê o livro dele.


A metonímia pode ser empregada de várias formas:
  • O efeito pela causa ou vice-versa: “Conseguiu sucesso com determinação e suor” (trabalho).
  • O nome do autor pela obra: “Ler Guimarães Rosa é um projeto desafiador” (a obra).
  • O continente (o que está fora) pelo conteúdo (o que está dentro): “Bebeu só dois copos e já saiu cambaleando” (a bebida).
  • O substantivo concreto pelo abstrato: “Tratava-se de um papo-cabeça” (intelectual).
  • O abstrato pelo concreto: “Era difícil resistir aos encantos daquela doçura” (pessoa meiga, agradável).
  • A marca pelo produto: “Comprei uma caixa de Gilette” (lâmina de barbear).
  • O lugar pelo produto: “Queria tomar um Porto fervido com maçãs” (o vinho).
  • O sinal pela coisa significada: “O trono inglês está abalado pelas recentes revelações sobre a família real” (o governo exercido pela monarquia).
  • O singular pelo plural: “O brasileiro tenta encontrar uma saída para suportar a crise” (um indivíduo por todos).
  • A parte pelo todo: “Enormes chaminés dominam os bairros fabris da cidade inglesa”. (fábricas)
  • A classe pelo indivíduo: “Depois desse episódio, não acredito mais no Juizado brasileiro” (os juízes).
  • A matéria pelo objeto: “O jantar foi servido à base de porcelanas e cristais” (matéria de que é feito o objeto).


Catacrese: consiste na utilização de uma palavra ou expressão que não descreve com exatidão o que se quer expressar, mas é adotada por não haver uma outra palavra apropriada - ou a palavra apropriada não ser de uso comum; são como gírias do dia-a-dia, expressões usadas para facilitar a comunicação. Estabelecem comparação às situações em que são atribuídas, qualidades de seres vivos, a seres inanimados.
Exemplos: "Sentou-se no braço da poltrona para descansar."
"O pé da mesa estava quebrado."


Sinestesia: a sinestesia consiste na fusão de sensações diferentes numa mesma expressão. Essas sensações podem ser físicas (gustação, audição, visão, olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas).
Exemplo: "A minha primeira recordação é um muro velho, no quintal de uma casa indefinível. Tinha várias feridas no reboco e veludo de musgo. Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual] e úmida, macia [sensações táteis], quase irreal." (Augusto Meyer)


FIGURAS DE PENSAMENTO
Caracterizam-se por apresentar ideias diferentes daquelas que normalmente a palavra ou expressão sugere na frase.
São figuras de pensamento:


Antítese: consiste na exposição de ideias opostas. Ocorre quando há uma aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos.
Exemplos: "Você é o mel que amarga minha vida".
"Já estou cheio de me sentir vazio, meu corpo é quente e estou sentindo frio." (Renato Russo)


Ironia: consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa, deixando entender uma distância intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos. Na Literatura, a ironia é a arte de zombar de alguém ou de alguma coisa.
Exemplo: "Como escritor, ele é um ótimo guitarrista".
"Meu marido é um santo. Só me traiu três vezes!".


Presopopeia ou Personificação: consiste em atribuir a objetos inanimados ou seres irracionais sentimentos ou ações próprias dos seres humanos.
Exemplos: “O vento acariciava seu rosto”.
O Sol amanheceu triste e escondido”.


Eufemismo: consiste em "suavizar" alguma ideia, evitando o emprego de palavras ou expressões que podem ser desagradáveis.
Exemplos: “Você não foi feliz nos exames”. (foi reprovado)
"Você é desprovido de beleza." (para não chamar a pessoa de feia)


Hipérbole: consiste no exagero ao se afirmar alguma coisa, com intuito emocional ou de ênfase.
Exemplos: "Ela chorou um rio de lágrimas."
"Já lhe disse isso um milhão de vezes" (na verdade foram 5)


Paradoxo: é a antítese com maior intensidade, em que duas idéias que se excluem são apresentadas como ocorrendo ao mesmo tempo e no mesmo contexto, o que gera uma situação impossível, uma idéia absurda.
Exemplos: "Amor é ferida que dói e não se sente."
"É um contentamento descontente."


FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
Caracterizam-se por apresentar determinadas mudanças na estrutura comum das orações.
São figuras de construção:


Pleonasmo: nele há uma repetição desnecessária, tanto do ponto de vista sintático quanto do ponto de vista semântico.
Exemplo: "O pai ordenou que a menina entrasse para dentro imediatamente."
Ele desceu a descida a toda velocidade”.


Anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases, seguidas ou muito próximas.
Exemplo: "Olha a voz que me resta / Olha a veia que salta / Olha a gota que falta / Pro desfecho que falta / Por favor." (Chico Buarque)


Aliteração: consiste em repetir sons consonantais idênticos ou semelhantes em um verso ou em uma frase, especialmente as sílabas tônicas.
Exemplo:
Em horas inda louras, lindas
Clorindas e Belindas, brandas
Brincam nos tempos das Berlindas
As vindas vendo das varandas.” (Fernando Pessoa)


Assonância: é muito parecida com a aliteração, so que ao invés de consoantes, a repetição está nas vogais.
Exemplo:
"Sou Ana, da cama
da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdam”.

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