FIGURAS
DE LINGUAGEM
As
figuras
de linguagem ou
de estilo
são
empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais
expressiva. É um recurso lingüístico para expressar experiências
comuns de formas diferentes, conferindo originalidade, emotividade ou
poeticidade ao discurso.
As
figuras de linguagem classificam-se em:
figuras
de palavra;
figuras
de pensamento;
figuras
de construção.
FIGURAS
DE PALAVRA
Consistem
no emprego de um termo com sentido diferente daquele
convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais
expressivo na comunicação.
São
figuras de palavras:
Comparação:
consiste
na comparação de dois elementos por meio de suas características
comuns. Normalmente a comparação é estabelecida por uma conjunção
comparativa (como, tal que, assim como, etc.).
Exemplo:
"A vida vem em ondas como o mar"
compara
a vida com o mar e utiliza a conjunção "como".
Metáfora:
emprego
de palavras fora do seu sentido normal, por analogia. É um tipo de
comparação implícita, já que a conjunção comparativa não
aparece claramente.
Exemplo:
"Aquele homem é um leão"
compara o homem com um leão
pois ele é forte e corajoso como um leão, e não utiliza conjunções
comparativas.
Metonímia:
consiste
em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita
afinidade ou relação de sentido.
Exemplo:
“Eu leio Jorge Amado”.
Você não lê Jorge Amado, você lê o
livro dele.
A
metonímia pode ser empregada de várias formas:
O
efeito pela causa ou vice-versa: “Conseguiu sucesso com
determinação e suor” (trabalho).
O
nome do autor pela obra: “Ler Guimarães Rosa é um projeto
desafiador” (a obra).
O
continente (o que está fora) pelo conteúdo (o que está dentro):
“Bebeu só dois copos e já saiu cambaleando” (a bebida).
O
substantivo concreto pelo abstrato: “Tratava-se de um papo-cabeça”
(intelectual).
O
abstrato pelo concreto: “Era difícil resistir aos encantos
daquela doçura” (pessoa meiga, agradável).
A
marca pelo produto: “Comprei uma caixa de Gilette” (lâmina de
barbear).
O
lugar pelo produto: “Queria tomar um Porto fervido com maçãs”
(o vinho).
O
sinal pela coisa significada: “O trono inglês está abalado pelas
recentes revelações sobre a família real” (o governo exercido
pela monarquia).
O
singular pelo plural: “O brasileiro tenta encontrar uma saída
para suportar a crise” (um indivíduo por todos).
A
parte pelo todo: “Enormes chaminés dominam os bairros fabris da
cidade inglesa”. (fábricas)
A
classe pelo indivíduo: “Depois desse episódio, não acredito
mais no Juizado brasileiro” (os juízes).
A
matéria pelo objeto: “O jantar foi servido à base de porcelanas
e cristais”
(matéria de que é feito o objeto).
Catacrese:
consiste
na utilização de uma palavra ou expressão que não descreve com
exatidão o que se quer expressar, mas é adotada por não haver uma
outra palavra apropriada - ou a palavra apropriada não ser de uso
comum; são como gírias do dia-a-dia, expressões usadas para
facilitar a comunicação. Estabelecem comparação às situações
em que são atribuídas, qualidades de seres vivos, a seres
inanimados.
Exemplos:
"Sentou-se no braço da poltrona para descansar."
"O
pé da mesa estava quebrado."
Sinestesia:
a
sinestesia
consiste na fusão de sensações diferentes numa mesma expressão.
Essas sensações podem ser físicas (gustação, audição, visão,
olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas).
Exemplo:
"A minha primeira recordação é um muro velho, no quintal de
uma casa indefinível. Tinha várias feridas no reboco e veludo de
musgo. Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual] e úmida,
macia [sensações táteis], quase irreal." (Augusto Meyer)
FIGURAS
DE PENSAMENTO
Caracterizam-se
por apresentar ideias diferentes daquelas que normalmente a palavra
ou expressão sugere na frase.
São
figuras de pensamento:
Antítese:
consiste
na exposição de ideias opostas. Ocorre quando há uma aproximação
de palavras ou expressões de sentidos opostos.
Exemplos:
"Você é o mel que amarga minha vida".
"Já
estou cheio de me sentir vazio, meu corpo é quente e estou sentindo
frio." (Renato Russo)
Ironia:
consiste
em dizer o contrário daquilo que se pensa, deixando entender uma
distância intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que
realmente pensamos. Na Literatura, a ironia é a arte de zombar de
alguém ou de alguma coisa.
Exemplo:
"Como escritor, ele é um ótimo guitarrista".
"Meu
marido é um santo. Só me traiu três vezes!".
Presopopeia
ou Personificação:
consiste
em atribuir a objetos inanimados ou seres irracionais sentimentos ou
ações próprias dos seres humanos.
Exemplos:
“O vento acariciava seu rosto”.
“O
Sol amanheceu triste e escondido”.
Eufemismo:
consiste
em "suavizar" alguma ideia, evitando o emprego de palavras
ou expressões que podem ser desagradáveis.
Exemplos:
“Você não foi feliz nos exames”. (foi reprovado)
"Você
é desprovido de beleza." (para não chamar a pessoa de feia)
Hipérbole:
consiste no exagero ao se afirmar alguma coisa, com intuito emocional
ou de ênfase.
Exemplos:
"Ela chorou um rio de lágrimas."
"Já lhe disse
isso um milhão de vezes" (na verdade foram 5)
Paradoxo:
é
a antítese com maior intensidade, em que duas idéias que se excluem
são apresentadas como ocorrendo ao mesmo tempo e no mesmo contexto,
o que gera uma situação impossível, uma idéia absurda.
Exemplos:
"Amor é ferida que dói e não se sente."
"É
um contentamento descontente."
FIGURAS
DE CONSTRUÇÃO
Caracterizam-se
por apresentar determinadas mudanças na estrutura comum das
orações.
São
figuras de construção:
Pleonasmo:
nele
há uma repetição desnecessária, tanto do ponto de vista sintático
quanto do ponto de vista semântico.
Exemplo:
"O pai ordenou que a menina entrasse para dentro imediatamente."
“Ele
desceu a descida a toda velocidade”.
Anáfora:
consiste
na repetição
de uma mesma palavra no início de versos ou frases, seguidas ou
muito próximas.
Exemplo:
"Olha a voz que me resta / Olha a veia que salta / Olha a gota
que falta / Pro desfecho que falta / Por favor." (Chico Buarque)
Aliteração:
consiste
em repetir sons consonantais idênticos ou semelhantes em um verso ou
em uma frase, especialmente as sílabas tônicas.
Exemplo:
“Em
horas inda louras, lindas
Clorindas e Belindas, brandas
Brincam
nos tempos das Berlindas
As vindas vendo das varandas.”
(Fernando Pessoa)
Assonância:
é muito parecida com a aliteração, so que ao invés de consoantes,
a repetição está nas vogais.
Exemplo:
"Sou
Ana,
da
cama
da
cana,
fulana,
bacana
Sou
Ana
de Amsterdam”.